sexta-feira, abril 30, 2010

Entrevista com Yoani Sánchez | Parte 2

Aqui segue uma entrevista em duas partes com a blogueira cubana, que conseguiu através da internet burlar a sensura de Fidel!


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Entrevista com Yoani Sánchez | Parte 1


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Não precisamos de um direito penal melhor, mas de algo melhor que um direito penal!

É fato notório que o direito penal, o sistema carcerário, a repressão policial são insuficientes para conter a criminalidade, é fato também que muitas vezes a justiça em nosso país nos parece seletiva, ou seja, pune-se somente alguns enquanto outros gozam de impunibilidade. Cada vez mais, a sociedade se sente mais insegura e ameaçada pela violência que cerca os grandes centros urbanos ao redor do mundo , por mais que se faça não se consegue mudar esse quadro.

Na tentativa de elucidar tal questão, vou recorrer a três grandes pensadores da modernidade; são eles: O sociólogo francês Émile Durkheim, que teve seu momento mais produtivo no final do século XIX e início do século XX; O sociólogo alemão Maximillian Carl Emil Weber, contemporâneo de Durkheim e, o filósofo francês e professor de história Michel Foucault, Importantíssimo para o pensamento do século XX

Gustav Radbruch, professor de direito na Universidade de Heidelberg, há dois séculos já dizia:_ Não precisamos de um direito penal melhor, mas de algo melhor que um direito penal! Na visão de Foucault, a história do direito penal e, conseqüentemente a história das prisões, são uma sucessão de 200 amos de fracassos. Fracassamos, reformamos e novamente fracassamos, além do mais, o sistema carcerário é marcado por eficácia invertida, em lugar de reduzir a criminalidade, introduz os condenados em carreiras criminosas, porém, Foucault nos revela algo ainda mais importante; o sistema carcerário é a história de 200 anos de fracassos, somente do ponto de vista dos objetivos ideológicos da prisão, porém o que subjaz os princípios ideológicos do sistema, são os reais objetivos deste. Os objetivos ideológicos seriam a repressão e redução da criminalidade; enquanto os objetivos reais da prisão seriam a repressão seletiva da criminalidade e a organização da delinqüência. Isso se da por que, para Foucault, o direito penal e o sistema carcerário, são ferramentas do capitalismo moderno, são mecanismos jurídico-econômicos de dominação de classes, que objetivam produzir docilidade e utilidade, mediante exercício de coação educativa total sobre o condenado. Como o direito penal é seletivo, ou seja, só alguns vão presos, (os menos favorecidos )e objetiva a manutenção da estratificação social, assim como, a imutabilidade da divisão do trabalho, nesse sentido a história da prisão é muito bem sucedida através dos tempos.

O que Foucault não previu, foi que o custo de manter uma massa enorme presa, ia chegar a tal ponto de se tornar um inconveniente para o próprio sistema capitalista, se tornando insustentável, do ponto de vista econômico. As cadeias vão se enchendo em progressão geométrica, tornando inaceitável para o Estado moderno sua manutenção.

E porque, continuamos com a mesma política carcerária, sem podermos pagar a conta disto?

Para explicar tal fato vou recorrer a Max Weber. Ao pensar a modernidade, Weber, com profunda desilusão, descreve o homem moderno como: Hedonista sem coração e um especialista sem inteligência. Embora vivamos em sociedade, não pensamos coletivamente, somos individualistas e trabalhamos em nossa grande maioria para a satisfação de necessidades pessoais; dito isto, podemos averiguar que a segurança pública, embora seja uma questão social é uma necessidade individual, o pensamento de simplesmente nos livramos dos mal feitores, impingindo a eles qualquer castigo, não é problemático, pois quem vai ser castigado é o outro e me livrado do outro eu estou resguardando meu interesse hedonista. Por outro lado os operadores da lei, em sua maioria, nada mais são do que especialistas sem inteligência, na medida em que acreditam no o direito como ciência pura e que, simplesmente aplicando suas técnicas pode-se dar conta dos fatos sociais da criminalidade e da violência. Isso explica a manutenção de um sistema penal, tão maléfico tanto para o preso quanto para a sociedade. É importante lembrar, que são nossos impostos que custeiam a universidade do crime, e a pós graduação criminal.

Essa forma primitiva de lidar com o outro, essa vendeta individual contra o condenado, travestida de objetivo social, é algo parecido com o que Durkheim chamava solidariedade mecânica, o tipo de vínculo social baseado nos costumes e na crença religiosa. Em contrapartida à solidariedade mecânica estava, para Durkheim, a solidariedade orgânica, onde os elementos da sociedade, embora diferentes uns dos outros, com funções diferenciadas, interagiam harmonicamente dado ao fato da necessidade da alteridade.

A vileza do sistema carcerário, que pune tanto a sociedade quanto o condenado, de solidariedade orgânica, nada tem.

O fato é que todo esse quadro dantesco que acabei de pintar é fruto e ao mesmo tempo demanda do sistema capitalista, que se agrava ainda mais com o fenômeno econômico do neoliberalismo.

Para reformar de fato tal quadro, é preciso de uma vez por todas que deixemos de ser hedonistas sem coração, especialistas sem inteligência e solidários mecânicos. Substituamos o “penalismo” atual, por um sistema que possa recuperar e reinserir os condenados na sociedade. É preciso que o interesse social supere o interesse individual das grades organizações. É preciso que o poder do povo venha a sobrepujar o poder do que eu chamo de “quarto poder” e pra finalizar, é preciso trocar essa ciência falida, que é o direito penal, por outra, que poderíamos chamar de direito recuperaicional.

Digo penalismo, porque a real preocupação do direito penal é o de aplicar penas, e não de recuperar, nem resgatar a ovelha que se perdeu do rebanho. Seu princípio básico é dar ao Estado seu Jus puniendi, seu direito de punir, é nesse sentido que se faz necessário erigirmos um novo ramo do direito, o direito recuperatório, ou direito recuperacional, seja lá como venhamos a nomea-lo.

É hora de pararmos de combater câncer com câncer, tumor com mais tumores e fazer algo que venha realmente, harmonizar e suavizar as relações sociais.



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quarta-feira, abril 28, 2010

Avatar, retrato do Imperialismo!


Hoje eu assisti com minha família, a titulo de diversão, um filme que há pouco tempo foi sucesso nos cinemas do mundo todo. Trata-se do filme Avatar, que foi anunciado como grande revolução tecnológica da computação gráfica, que seria uma nova maneira de fazer cinema etc... Realmente a tecnologia impressiona, mas, no filme, outra coisa me chamou a atenção. Seu roteiro me deu uma sensação de déjà vu.
O filme é passado no futuro, onde a ânsia de poder e riqueza, leva o ser humano a colonizar outros planetas, a fim de extrair minérios valiosos; o problema é que ao chegar lá, se deparam com uma tribo, que, em seu ponto de vista etnocêntrico, eram primitivos e seus costumes e leis não mereciam ser respeitados. Para extrair informações, o herói usa um avatar, um corpo de DNA misto de humano e Na vi, que era o nome da espécie humanóide que habitava o planeta, mas, ao final, acaba passando para o lado dos Na Vi, reconhecendo sua cultura e amor a natureza.
Nesse caso, a arte imita a vida; foi o imperialismo de alguns países e sua sede de riquezas que destruiu, quase que completamente, tanto a natureza quanto os nativos do novo mundo.
Para o ocidental, as criaturas que aqui se encontravam, não passavam de alienígenas selvagens, sem Estado, sem Deus e sem Lei, sendo considerados muitas vezes, empecilhos para a consecução da real finalidade da colonização: que era enriquecer a metrópole.
Podemos achar, que a visão etnocêntrica que subsidia a aculturação de civilizações, é coisa do tempo das grandes descobertas, porém, infelizmente isso não é a realidade. Hoje em dia, assim como no passado, as atividades imperialistas, muitas vezes genocidas, destruindo tanto os povos quanto suas terras, são práticas corriqueiras das grandes potencias.
Um exemplo clássico: quando a nave americana vinda do “mundo civilizado” pousou no planeta Iraque, onde moravam, na versão americana, perigosos alienígenas sem cultura, sem Lei e se Deus, que mantinham armas de destruição em massa e por isso precisavam ser detidos. O que precisava ser feito era transformar os selvagens em bons selvagens, livrando-os das garras impiedosas de seu ditador, um verdadeiro anticristo.
Esse disparate, sem igual, foi a ideologia usada para convencer o mundo de que os americanos teriam o direito de invadir uma nação soberana, matar seu povo, seu líder, com o objetivo de se apropriar do petróleo abundante naquelas paragens. A destruição foi imensa, tanto do meio ambiente quanto do bem jurídico mais importante: a vida . As armas de destruição em massa jamais foram encontradas, o que não impediu os americanos de matar o líder dessa nação por enforcamento.
Esse é apenas um dos exemplos que posso dar, pois todos as grandes potencias, mundiais, sem exceção, em algum momento de sua historia, fizeram coisas similares. Não cabe listar todas, pois transformaria essa postagem em um tratado interminável.
A grande diferença, entre, o filme Avatar e a realidade, é que, no filme, no final, os Índios vencem com a ajuda se seu herói espião, que mudou de lado. Na realidade isso nunca aconteceu. A história da civilização, até hoje, pode ser resumida em três palavras: dominar, matar e destruir. É hora de fazer diferente, de abandonar nosso corpo, ocidental e assumirmos nossos avatares Na Vi.

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domingo, abril 25, 2010

Política nacional antidrogas



Um dos problemas mais graves que assolam nossa sociedade hodiernamente, é a questão do uso de drogas lícitas e ilícitas, trazendo conseqüências gravíssimas, como destruição de famílias, violência entre outras. Uma pergunta se faz de suma importância é: Será que o Brasil possui uma política nacional antidrogas?

Afim de esclarecer tal questão, postarei hoje, entrevista feita com a psicóloga Patrícia Mondarto, coordenadora de uma enfermaria no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, chamada Serviço de Atenção ao Usuário de Álcool e Outras Drogas, entrevista feita em 2008, quando eu fazia parte do Grupo Saber Viver:


Entrevista com Patrícia Mondarto:


Res Cogitans: Em primeiro lugar, gostaríamos que a senhora se apresentasse , falando da sua relação profissional com a questão da dependência química.

Patrícia: Meu nome é Patrícia Mondarto, eu sou psicóloga e coordeno uma enfermaria no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, chamada Serviço de Atenção ao Usuário de Álcool e Outras Drogas e faço a acessória da coordenação da área de saúde mental.

Res Cogitans: Por favor relate sua experiência em tratamento de usuários de drogas:

Patrícia: Vou falar da minha experiência aqui no HPJ. Hoje em dia a política do ministério da saúde, é uma política de redução de danos, ela não preconiza a internação, principalmente a internação em hospital psiquiátrico, nos somos o único hospital público que tem uma enfermaria destinada a essa clientela. Isso vale a pena esclarecer, pois não é uma contradição à política do ministério da saúde. Agente nessa enfermaria não trabalha com desintoxicação ou tratando de abstinência, não é o objetivo dessa enfermaria, isso é feito em outros hospitais do município de Niterói, na maioria das vezes no Azevedo Lima, que é um Hospital estadual, também CPN que um municipal ou Antonio Pedro. Nós trabalhamos em retaguarda ao CAPSAD (centro de atenção e psicossocial de álcool e drogas) aos ambulatórios e de uma forma disparadora de inserção de tratamento. Quando eu digo retaguarda falo, que algumas pessoas interrompem tratamento, não conseguem interromper seu uso de álcool e drogas, estão em situação bem precária, onde um atendimento ambulatória não daria conta, então a internação entraria como uma possibilidade de corte de uso e reinserção no tratamento, ou seja, é basicamente um construção de demandas de tratamento.

Res Cogitans: Qual seria o período máximo de internação ?

Patrícia: Não há um período Maximo, agente não trabalha com tempo fixo, o que posso te dizer que temos uma média de internação de dezoito dias, isso é apenas uma média porque atrás de casos de dependência química muitas vezes temos outras psicopatias, portanto, muitas vezes se começa uma internação com um caso de uso de drogas e se constata outros problemas e esse internação acaba se estendendo.

Res Cogitans: O interno dependente químico, ele fica juto com outros pacientes com outros problemas?

Patrícia: Não essa enfermaria é específica para usuário de álcool e drogas.

Res Cogitans: Qual é a rotatividade aqui da enfermaria?

Patrícia: Esse serviço de internação existe dês de 1997, no início ele foi fundado para trabalhar com intoxicação aguda e abstinência, e só se tratava isso, então era uma rotatividade alta. Quando começam os a trabalhar com um olhar mais ampliado, de construir uma demanda de tratamento, de entender qual é a função da droga na vida daquela pessoa, tentando ir no há de particular, que é diferente do que se faz nos grupos de mutua ajuda (AA, NA) e nos centros de recuperação, que tem como enfoque os doze passos e falando de uma forma mais psíquica, tendem a criar uma identidade coletiva, ou seja, eu sou alcoolista, então eu passo a ser o dependente químico ao invés dê ser o João, a Maria.

O trabalho que agente tenta fazer na internação é ao contrario, agente tenta buscara a individualidade de cada um para entender qual é função da droga na vida daquele indivíduo, na verdade nos interessa os pacientes que não se adéquam ao AA ao NA, sem, no entanto, criar uma rivalidade com essas entidades. Então a internação serve para dar um pontapé inicial para a resolução desse enigma, dessa pergunta, “Qual a função da droga para o indivíduo? “

Res Cogitans: Qual a abordagem ou linha teórica usados no tratamento aqui n HPJ ?

Patrícia: Psicanálise. Isso não significa dizer que agente não respeite os outros trabalhos. Por exemplo: Toda quarta-feira pela manhã o grupo do AA vem a enfermaria e apresenta o trabalho para os pacientes, participar ou buscar o AA depois é uma decisão do paciente, não é uma indicação nossa, volto a dizer agente tem interesse maior nesses pacientes que não se adéquam a esses tratamentos que se tem hoje disponibilizados, a nós interessa pessoas que estão com os laços sociais rompidos, que estão com os vínculos familiares rompidos, que estão a deriva, cujo objetivo é só se drogar.

Res Cogitans: Como à senhora vê o resultado desse trabalho?

Agente vê uma boa adesão ao trabalho do CAPS do ambulatório, durante a internação a gente já começa o trabalho de parceria para, para onde esse paciente vai ser encaminhado, depois de encaminhado, eles voltam pra dizer se chegou, se esta bem, então esse é o retorno, que nós temos então ha um nível de adesão significativo, isso não quer dizer que não haja reinternações e recaídas, não se pode trabalhar com essa clientela com uma exigência ou uma expectativa muito alta. É uma clínica onde a frustração é presente, onde a recaída existe e isso faz parte de um percurso.

Res Cogitans: Qual a sua opinião sobre aos grupos anônimos Na, AA, esse grupos que usam os doze passos com base para a recuperação?

Patrícia: Acho que são grupos de auto-ajuda , que funcionam para algumas pessoas, mas não para todas, acho que tem função, que são importantes, mas o trabalho deles remete a algo coletivo.

Res Cogitans: Em sua opinião qual é a maior dificuldade no tratamento do usuário de drogas, do dependente químico?

Patrícia: Eu acho que são inúmeras, começando pela nossa cultura, e pela nossa própria história. Se você parar para pensar, antigamente o álcool era o grande problema, então existe toda uma questão cultural na qual agente acaba menosprezando, hoje em dia temos uma cultura onde tudo pode, se drogar é quase um imperativo da vida moderna, para cuidar de prevenção, informação é sempre bem vinda.

Res Cogitans: A senhora acredita que há vontade política no Brasil para prevenção e combate a uso de drogas?

Patrícia: Eu acredito na política de saúde, eu acho que temos programas de saúde de fato muito bons, acho que o SUS é muito bom, mas se pensarmos em termos de municípios e estados acho que há muita dificuldade. Hoje o ministro da saúde é um técnico que sabe do que esta falando, mas o ministério da saúde não é o ministro. Política de saúde se faz com, educação, cultura, lazer, principalmente em saúde mental. A saúde sozinha não vai dar conta do adolescente que esta fumando crack , cheirando cola, a saúde só vai dar conta, quando tivermos uma assistência social adequada, uma educação adequada etc...

Res Cogitans: Em uma de nossas últimas postagens, tivemos comentários, dizendo que trazer informação não adiantaria de nada, pois o dependente não estaria interessado. A senhora acha que trazer a tona um debate sobre o assunto é relevante?

Patrícia: Sim o debate sempre ajuda, não é só uma questão de in formação,as a informação faz parte, mas informação sozinha não da conta disso.

Res Cogitans: A senhora tem alguma experiência relevante, que gostaria de relatar?

Patrícia: Na verdade estávamos a bem pouco tempo com uma pessoa de vinte e poucos anos usuário de cocaína, que estava a poucos meses usando crack, que ao contrario do que agente vê na literatura, o crack entrou fortemente mas de uma foram diferente do que se esperava no Estado, a abstinência na pratica é diferente do que se vê nos livros, as coisas te se dado de uma forma muito diferente no que agente vê no dia a dia e eu acho que agente ta muito perdido no tratamento do cack.

Nesse caso era um menino jovem, que já tinha cometido vários delitos, dentro e fora de casa, ficou internado em torno de vinte e seis a vinte sete dias e eu me lembro muito bem, por ser uma pessoa tão jovem que começou o uso tão cedo de uma forma tão avassaladora. Tivemos que fazer um trabalho de orientação familiar difícil, mas muito bom, porque essa mãe pode suportar dizer não para esse menino, mesmo que dizer não fosse não deixa- lo entrar em casa, e agente pode contar com um projeto social ligado ao esporte, que também convocou esse menino, não só para o esporte, mas como para o trabalho. Então é uma pessoa que esta em tratamento no ambulatória, que sempre liga e da noticias, que eu considero que tenha sido um trabalho bem sucedido não só porque ele tenha parado, mas pela interface de ações, da saúde com o projeto social, de uma ONG na época.

Res Cogitans: Alem do CAPS, o paciente é acompanhado aqui?

Patrícia: Depende do caso, nós temos cinco ambulatórios todos são regionalizados, então o paciente é encaminhado para o ambulatório mais próximo da sua casa, e quando o paciente não tem ainda uma vinculação com o ambulatório agente marca um retorno aqui para o hospital.

Res Cogitans: O que a senhora diria para uma pessoa que esta pesando em usar drogas?

Patrícia: Nada, eu acho que agente vive em um país livre, acho que não é o meu papel fazer terrorismo, que eu chamo de terrorismo: não pode fazer isso, o resultado do não e do sim dependendo do tom que ele seja dito o resultado é igual.

Res Cogitans: Cresceu muito o uso de crack no Rio de Janeiro?

Patrícia: Muitíssimo, agora o surpreendente é que pessoas que estavam habituadas a usar outros tipos de drogas e começam a usar o crack, estão também assustadas. Agente recebe usuárias de cocaína de longa data, que ao começar a usar o crack se assuntam e vêem logo a necessidade de tratamento.

Res Cogitans: Existe uma cultura que diz que a maconha é uma droga natural que não faz mal, o que a senhora tem a dizer a respeito?

Patrícia: Isso é uma grande bobagem, ou agente fala de droga e inclui todas as drogas ou agente vai ficar classificando, Preto, branco, amarelo, roxo, droga é droga, a escolha da droga não depende da força da droga, não existe remédio fraco nem remédio forte, nem droga forte nem,droga fraca. A questão é como isso interfere na sua vida, não importando se é o álcool ou a maconha se é o cigarro se é remédio e em excesso, o que importa é o tipo de relação que se tem com aquela droga

Res Cogitans: É possível fazer uso de cocaína ou de crack sem, se ter uma relação doentia com a droga?

Patrícia: Existem pessoas que são usuárias mas continuam funcionais, não deixam de trabalhar, não deixam de ter vida familiar, não deixam de ter vida social.

Res Cogitans: A senhora gostaria de deixar alguma mensagem para o internauta?

Patrícia: Sim, ficar ligado, fazer o que seu desejo te mandar, com consciência e responsabilidade, porque eu acho que o melhor que agente tem da vida é poder viver responsavelmente., e responsavelmente não é careta, é viver sem culpa mas com responsabilidade.

Res Cogitans: O Res Cogitans agradece a entrevista.

Patrícia: Eu que agradeço, e espero poder ter contribuído.


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quinta-feira, abril 22, 2010

Viva a revolução digital!


Na postagem anterior: “O quarto poder”, apontei qual seria o verdadeiro quarto poder, e suas conseqüências sociais, porém mostrei somente o problema sem, no entanto, inferir qualquer solução possível; porém ao me depara com um documentário postado no blog: (foguinhofogaovulcao.blogspot.com) , na matéria: “Compartilhar é complicado?Eis a questão!!!”; ,me deparei com uma revolução contra o quarto poder, ou seja, contra as grandes organizações e seus interesses, econômicos, que esta em pleno a ataque em todo mundo, com bilhões de pessoas envolvidas e, tem ganho sistematicamente suas batalhas.
Uma das formas de garantir o poder, sempre foi restringir o acesso da população à informação, esse fato, vem ocorrendo a séculos, utilizando- se de artifícios, como leis de proteção a cópia e divulgação de: livros, filmes, músicas, etc... Para a manutenção do lucro, através da proteção da propriedade intelectual, no ordenamento jurídico brasileiro, esta tanto na constituição como no código civil, assim como no código penal, no que concerne ao direito da personalidade e proteção da privacidade.
Um dos princípios fundamentais, do sistema econômico atual e da política neoliberal, é o da obtenção de um lucro de proporções absurdas, tento como conseqüência, um acúmulo de capital nas mãos de poucos e, como já mencionado na postagem anterior, o interesse desses poucos, prevalece em detrimento do restante da população.
Com o advento da internet, e mais recentemente, com o processo de globalização, esse quarto poder vislumbrou a possibilidade de se utilizar de tais meios como ferramentas de domínio, através do qual propagaria sua ideologia. Vale ressaltar que para vários pensadores de esquerda, ideologia nada mais é que: a tentativa de uma classe dominar a outra.
Porém o tiro saiu pela culatra! Como a rede internacional de computadores não tem computador central e, como todas as máquinas tem importância igual, fica impossível controlar quais informações e o seu conteúdo. Quando se disponibiliza, uma informação na rede, todos tem acesso instantaneamente, e o que para o quarto poder é pior, de maneira completamente gratuita, afastando assim a possibilidade de lucro.
Uma das funções dos meios de comunicação, até o advento da internet, era o controle social, impingindo determinados comportamentos, e por outro lado, observado atentamente o comportamento dos indivíduos e da sociedade.
Para Michel Foucault, seus livros: “Vigiar e Punir” e “A verdade e as formas jurídicas”; o modelo de vigilância social que o sistema utiliza para controle da sociedade é o pan- óptico, de Jeremy Bentham; é um termo utilizado para designar um centro penitenciário, o conceito do desenho permite a um vigilante observar todos os prisioneiros sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. De acordo com o design de Bentham, este seria mais barato que o das prisões de sua época, já que requer menos empregados. O nome aplica-se também a uma torre de observação localizada no pátio central de uma prisão, manicômio, escola, hospital ou fábrica. Aquele que estivesse sobre esta torre poderia observar todos os presos da cadeia (ou os funcionários, loucos, estudantes, etc), tendo-os sob seu controle.
A estrutura da prisão incorpora uma torre de vigilância no centro de um edifício anular que está dividido em celas. Cada uma destas celas compreende uma superfície tal que permite ter duas janelas: uma exterior para que entre a luz e outra interior dirigida para a torre de vigilância. Os ocupantes das celas se encontrariam isolados uns de outros por paredes e sujeitos ao escrutínio coletivo e individual de um vigilante na torre que permaneceria oculto. Para isso, Bentham não só imaginou persianas venezianas nas janelas da torre de observação, mas também conexões labirínticas entre as salas da torre para evitar clarões de luz ou ruído que pudessem delatar a presença de um observador.
O termo é utilizado nas obras de Foucault, para tratar da sociedade disciplinar, e pelos teóricos das novas tecnologias, como Pierre Lévy e Dwight Howard Rheingold, para designar o possível controle exercido pelos novos meios de informação sobre seus usuários.
O problema da internet, é que as tais paredes que separam usuários não existem, as comunicações são feitas lateralmente, impossibilitando a ação do vigia, não havendo um computador central que possa controlar os demais, demolindo assim a torre do pan- óptico e todo o sistema de controle social, vigente até o momento, ficando impossível, nesse caso, a proteção do bem jurídico mais importante para o quarto poder, que é o lucro.
Estamos diante de uma nova ordem mundial, em que temos que reavaliar alguns valores. É humanamente impossível deter a roda da história! As grandes organizações vão ter que achar outra maneira de lucrar, pois os direitos autorais e de copyrights, estão fadados de maneira irreversível a definharem até morte, o controle social pelo modelo, que estava sendo usado, não é mais possível.
As pessoas tem direito de compartilhar toda e qualquer informação, arquivo, música, postagem, ideais, filmes, sendo esse direito fundamental pra construirmos uma sociedade mais justa, com menos guerras e mais aceitação da alteridade.
É por isso que acabo minha postagem com a seguinte frase: Viva a revolução digital!

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quarta-feira, abril 21, 2010

O quarto poder


Na minha última postagem, comentei um texto de João Ubaldo Ribeiro, intitulado: “Elementar meus caros leitores”, Texto esse que trazia algumas questões sobre o Estado brasileiro, sobre a real divisão de seus poderes e se deveras podemos nos considerar um Estado com todos os seus elementos. Fazia menção a áreas da sociedade onde o poder Estatal se encontrava restringido ou, mesmo, impossibilitado de atuar, onde nenhum dos três poderes tinha alguma força vinculante, atuando nessa área um poder, pode- se dizer, “paralelo” ou um “quarto poder”, áreas essas onde o tráfico dominava a sociedade com leis próprias, onde as autoridade instituídas tinham até que pedir aos senhores feudais locais a permissão para entrar.

A questão que quero levantar é a seguinte: será que existe um quarto poder? E se existe, será que esse quarto poder é o trafico de drogas?

Para responder essas questões faz-se necessário algumas observações. O Brasil é um Estado de direito, constituído como uma democracia representativa, que à luz dos ideais da revolução francesa, para impossibilitar o acúmulo de poder nas mãos de um só homem, usando o modelo de Montesquieu, subdividiu o poder em três: Legislativo, Executivo e Judiciário.

Nossos legisladores e chefes do executivo á nível: estaduais, municipais e federais, são eleitos pelo voto popular direto, caracterizando- se assim uma democracia representativa, todos submetidos a uma lei maior, nossa carta magna, que nos constitui um Estado de direito.

No papel e a primeira vista, parece se tratar de algo quase perfeito, porém, na pratica, nossa vivência cotidiana nos mostra algo muito mais feio do que o quadro teórico que acabei de pintar.

No executivo, encontramos policiais corruptos, governadores sendo presos, prefeitos deixando pessoas viverem e lixões que a qualquer momento podem desmoronar soterrado a população, sistema de saúde pública falindo.

No legislativo, corrupção, escândalos com o dinheiro público, interesses pessoas em detrimento dos interesses da sociedade.

No judiciário, decisões que vão de encontro com a constituição, políticos onde deveriam haver técnicos, atendendo a princípios diversos do princípio de justiça.

Antes de tentar demonstrar o meu ponto de vista, vale ressaltar nem todas são corruptos, e existe muita gente honesta, trabalhadora e decente em todos os três poderes.

Se temos representantes que não nos representam, e temos administradores que não administram a coisa pública e sim a particular, se temos Juízes tão separados do princípio da adequação social, que parecem ter vindo de outros planetas; o que poderia explicar tal suplicio dantesco,que interesses eles defendem que não o da sociedade?

E para piorar o quadro, se levantarmos os olhos e olharmos para outros países, mesmo os ditos desenvolvidos, veremos um quadro semelhante. Não é exclusividade brasileira, mesmo nos ditos desenvolvidos encontramos coisas similares.

É por esses motivos, que só posso vir a crer, na existência de um quarto poder, um quarto poder mundial, que dilapida todas as possibilidades democráticas mundiais.

O interesse, que subverte o legítimo interesse social, só pode ser o interesse econômico; como o poder econômico esta retido, hodiernamente, nas mãos das grandes organizações, de grandes entes jurídicos, que com sua ambição desenfreada, com seu poder político e econômico, arruínam qualquer democracia, qualquer Estado de direito.

Esse quarto poder esta subordinando, todos os outros valores; se respira sua ideologia pra onde quer que se olhe, tornando- se quase impossível não ser seduzido por ele. Seu aroma permeia tanto as micro como as macro relações humanas. É hoje é a corrente sanguínea, a mola propulsora da micro- fisiologia do poder; como diria o mestre Foucault.

Não é crime organizado, não é a máfia, não são os traficantes, que constituem o quarto poder, até porque, estes estão, como todos os outros subordinados aos interesses de organizações “legais”, reconhecidas mundialmente, com suas fundações e obras de “caráter filantrópico”.

Para terminar; gostaria de asseverar que enquanto estivermos tratando o mal social, simplesmente combatendo seus sintomas, estaremos fadados a repetir indefinidamente os mesmos costumes, o mesmo modo de vida e a mesma estratificação social, cuja característica principal é a imobilidade.

Deixemos os analgésicos sociais de lado e passemos para o antibiótico, antes do atestado de óbito!



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